O presente texto irá tratar de alguns pontos referentes ao meu projeto de pesquisa aprovado para o Mestrado de Antropologia Social – UFS. O trabalho intitulado “Produção, consumo e estilo de vida: o Rock e o Sertão em Sergipe”, tem como referencial teórico os Estudos Culturais, estudos da juventude, do estilo de vida e do consumo. Nesse contexto, tenho como objeto de pesquisa o evento Rock Sertão, que acontece no município sergipano de Nossa Senhora da Glória (Situada no sertão sergipano a 126km da capital e com 30.466habitantes, segundo dados do censo de 2008 do IBGE) desde o ano de 2001 e que no de 2011 está em sua 9ª edição.
A partir de pesquisa feita no Blog - www.rocksertao.com.br/blog/ - idealizado pela comissão organizadora do evento, obtive conhecimento de que festival Rock Sertão surgiu a partir da necessidade dos integrantes de uma banda de rock local, chamada Fator RH, em divulgar seu trabalho e promover um intercâmbio entre as bandas que se intitulam alternativas (termo para designar grupos à margem do circuito midiático) e independentes (termo usado para designar bandas sem vínculo com gravadoras renomadas) para que elas também pudessem ter um espaço para demonstrar suas músicas.
De acordo com os idealizadores, a idéia pensada para o festival era a de que as bandas alternativas de vários estilos musicais pudessem demonstrar suas produções, sem cobrar cachê, num evento que ocorreria em praça pública para que assim se pudesse formar um público maior para esse estilo musical e atender os anseios do público local. Além disso, buscava-se também através do festival o acesso a uma produção musical oriunda da própria região e o estimulo ao surgimento de novas bandas de rock, contrapondo-se aos estilos musicais mais evidenciados pelas propagandas de governo em Sergipe e pela mídia comercial, como: o forró, o pagode e o axé.
O festival, ao longo de sua trajetória, foi sendo ampliado e tem conseguindo espaço de divulgação local através de um programa que vai ao ar aos domingos na Rádio Comunitária “Boca da Mata FM” e que toca diversas músicas do cenário do rock independente sergipano. Através do festival, o público pode também comprar materiais das bandas, como CD’s, camisetas, adesivos e conhecendo melhor a produção das bandas.
O público e a participação no evento foram se ampliando. As pessoas começaram a ligar para a rádio Boca da Mata e pedir que tocassem as músicas das bandas que participavam do evento, fato que propiciou a organização decidir quais bandas poderiam tocar e agradar o público local. Dessa maneira, eles foram atraindo cada vez mais público, até que na 6ª edição chegaram a participar 16 bandas sergipanas e um cantor de reconhecimento nacional: Zeca Baleiro. A partir dessa aceitação local, o festival foi também chamando atenção da mídia sergipana, tendo sua programação divulgada na maior emissora de TV sergipana, vinhetas divulgadas nas rádios, divulgação na internet e em blogs, além de na penúltima e última edição contar com o apoio do poder público estadual para a realização do festival.
Dito isto, o objetivo geral da pesquisa é analisar a partir do festival Rock Sertão, o consumo cultural e estilos de vida dos jovens produtores e consumidores do festival e sua relação com o que este evento significa em Sergipe.
Como metodologia, proponho contextualizar a trajetória do surgimento do festival, como ele se firmou, como é financiado, como é caracterizado e produzido, através de entrevistas com os produtores do evento. Estou acompanhando, através da observação direta, toda a logística dos dias que antecedem o festival deste ano, e estarei presente nos dias de realização do evento. Etnografar o momento do festival, analisando os atores presentes (produtores, músicos e consumidores), como agem, como se movimentam, como se vestem, suas percepções sobre o evento, suas relações de sociabilidade, usos dos espaços, apropriações simbólicas e expressões que aproximam a análise sobre o consumo do festival, bem como sobre um estilo de vida próprio. Além disso, a idéia é entrevistar atores do setor midiático municipal e estadual a fim de entender suas percepções sobre o festival e como ele se situa diante do contexto do mainstream cultural sergipano.